quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pais poderão perder a guarda do estudante acusado de disparar em um colega

A advogado da família de Miguel Cestari Ricci dos Santos, de 9 anos, morto dentro de uma sala de aula do Colégio Adventista de Embu, na Grande São Paulo, afirmou nesta terça-feira que os pais da criança que supostamente fez o disparo podem perder a guarda da criança.

Miguel Cestari Ricci, de 9 anos, morreu dentro de uma escola na Grande São Paulo, em setembro de 2010.

Ademar Gomes disse que teve conhecimento há uma semana do ofício feito pelo delegado que conduz o inquérito, Carlos Eduardo Vieira Ceroni, enviado à Vara da Infância e da Juventude de Embu pedindo a destituição da guarda. O caso ainda está em análise. Procurados, a Secretaria da Segurança Pública e o Tribunal de Justiça disseram que não irão se manifestar porque o caso corre em segredo de Justiça.

Na cópia do ofício distribuída pela acusação, o delegado alega que a família do menino que teria disparado contra Miguel não estaria dando uma educação adequada à criança. Segundo o documento, que data de outubro de 2010, há relatos de que os pais não compareciam às reuniões escolares e não respondiam aos recados deixados na agenda do menino.

“Represento ainda pela suspensão do poder familiar dos pais em relação à criança em razão do grave descumprimento dos deveres a eles inerentes, o que caracteriza abuso do poder familiar”, diz o texto enviado por Ceroni, da Delegacia Seccional de Taboão da Serra, e apresentado pelo advogado Ademar Gomes.

Os pais do garoto que teria atirado em Miguel também são apontados como preocupados em não serem apontados como omissos de cautela na guarda da arma de fogo. “Mais grave ainda é o temor que se percebe que a criança tem dos pais, sendo que mesmo após todos os esforços desta equipe, prefere não nos relatar o que realmente aconteceu”, diz o documento.


Nesta terça-feira, acontece a reconstituição do crime. Ainda de acordo com o advogado, oito crianças participaram dos trabalhos da polícia técnica até por volta das 14h30. O principal suspeito foi o último a voltar à sala de aula, onde Miguel foi baleado no dia 29 de setembro de 2010. Professores, monitores e tesoureiro do colégio também estão presentes e apresentarão suas versões. Psicólogos acompanharam o trabalho da polícia.

Segundo Gomes, o principal suspeito nega ter efetuado o disparo e disse que estava brincando no pátio na hora do tiro. “Outro colega estava bebendo água e viu quando ele passou com a vítima. A vítima estava na frente e ele veio atrás. Eles entraram na sala de aula. Instantes depois, ouviu-se os tiros”, disse o advogado. O pai teria dito que nunca viu uma arma na vida dele, segundo o advogado, além de alegar inocência do filho. Na cena do crime, segundo ele, estariam apenas Miguel e o colega que teria atirado.

A escola afirmou em nota que não iria se manifestar porque o caso corre em sigilo. “A maior preocupação da escola tem sido contribuir para a melhor assistência possível a pais e alunos, cooperando com as autoridades dentro dos parâmetros legais”, diz a nota.

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