Após furtar bermudas, mãe tem prisão decretada

Uma desempregada mãe de dez filhos e moradora de uma favela de Cidade Tiradentes (zona leste de São Paulo),corre o risco de ser presa por não ter pagado R$ 300 à Justiça.

Ela é considerada foragida por não pagar o valor estipulado como fiança após ser detida em flagrante ao tentar furtar roupas para seus filhos de um supermercado.

Era manhã do dia 30 de julho, uma sexta-feira, quando Claudinéia Freitas dos Santos, 38 anos, desempregada, tomou a decisão: pegou dez bermudas e dois pares de sapatos de um supermercado Carrefour e pôs na bolsa.

Quando chegava ao ponto de ônibus, logo depois de deixar a loja, um segurança a parou. Levada à delegacia, Claudinéia foi presa em flagrante por tentativa de furto.

"Fiquei presa do início da tarde de sexta até a noite de sábado", afirma ela. "Fui tratada que nem um cachorro. Até parecia que eu era do PCC [facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios]."

Comovido com a situação de Claudinéia, o advogado Josué de Souza, que coincidentemente estava na mesma delegacia, decidiu ajudá-la. Sem cobrar nada, fez o pedido de liberdade.

Apesar de ter sido solta no sábado seguinte, Claudinéia teria de pagar uma fiança de R$ 300, conforme decisão da juíza Luciana Leal Junqueira, que estava de plantão naquele sábado.

Assustada com a possibilidade de ser presa novamente, no dia 2, Claudinéia, percorreu os 44 quilômetros de sua casa até o Fórum da Barra Funda (zona oeste).

Lá, disse a funcionários da Justiça que não tinha como pagar a fiança. "Eu não tenho dinheiro nem para comprar comida", afirma.

Apesar do apelo da desempregada e da defensora que assumiu o caso, Paula Cardoso, a juíza Cláudia Ribeiro, do Departamento de Inquéritos Policiais, não aceitou o pedido de revogação da fiança.

No último dia 5, foi expedido mandado de prisão contra Claudinéia.