Três vereadores foram presos nesta terça-feira antes do início da sessão na Câmara Municipal de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Eles são investigados por suspeita de envolvimento em uma fraude milionária nas contas do município. Segundo as investigações, eles recebiam dinheiro para anular dívidas de impostos como IPTU e ISS.
A sessão na Câmara Municipal de Taboão da Serra foi aberta às 18h. Mas três vereadores não puderam participar dela.
A Justiça decretou a prisão temporária deles por suspeita de envolvimento em um rombo nos cofres públicos de Taboão da Serra. A investigação começou em março, quando o servidor público Marcio Renato Carra foi surpreendido no momento da fraude. Do computador que ele usava dentro da prefeitura partiu um comando que fez desaparecer em um único dia R$ 64.777,30 em dívidas de impostos.
A fraude ocorria no setor de dívida ativa, onde ficam registrados os devedores de tributos como IPTU e Imposto Sobre Serviços, de acordo com as investigações.
O esquema foi detalhado por uma testemunha que assinou o depoimento com a impressão digital para não ter o nome revelado. A testemunha disse que o vereador Carlos Andrade procurava por ela e por outros funcionários da prefeitura. Primeiro, segundo ela, pediu a relação de empresas e pessoas físicas que constavam como os maiores devedores de IPTU.
O mesmo vereador também dizia, de acordo com a testemunha, que alterasse as datas de vencimento e até o nome do devedor. Envelopes entregues aos servidores indicavam quem devia ter a dívida cancelada.
A fraude causou um desequilíbrio nas contas municipais. Os valores devidos que eram apagados da conta de dívidas ativas não entravam no caixa da prefeitura. O desvio acumulado desde janeiro pode passar de R$ 1 milhão.
Além do servidor preso, outros funcionários tinham senhas especiais para acessar as contas da dívida da Prefeitura de Taboão da Serra. Para descobrir quem estava à frente das fraudes, um dispositivo passou a indicar, em tempo real, de qual computador as dívidas eram apagadas.
Segundo o delegado Raul Godoy Neto, os vereadores ganhavam cerca de 30% dos débitos baixados.
Um supermercado e o dono de um imóvel foram alguns dos beneficiados pelo esquema. Parentes dos vereadores Arnaldo dos Santos, do PSB, e de José Luiz Eloy, do PMDB, também foram favorecidos, de acordo com a polícia.
A Justiça mandou prender ainda outras sete pessoas, a maioria funcionários e ex-funcionários da prefeitura. A polícia ainda vai investigar quanto tempo durou o desvio do dinheiro público.
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