O estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos, preso no fim da noite de domingo em Foz do Iguaçu, no Paraná, por suspeita de matar o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni, confessou o crime em depoimento à Polícia Federal. De acordo com o delegado Josiel Iegas, ele também confessou sua intenção de fugir para o Paraguai. O estudante foi preso quando tentava atravessar a Ponte da Amizade, fronteira entre o Brasil e o Paraná.
“Ele deu alguns detalhes do crime e confessou ter sido responsável por matar o cartunista Glauco e confessou sua intenção em fugir para o Paraguai”, explicou o delegado. Segundo ele, o jovem admitiu que a arma encontrada com ele foi a usada no crime.
A transferência de Carlos Eduardo, também conhecido como Cadu, não deve ser imediata. “Ele vai responder por tentativa de homicídio aqui, e permanece há disposição da Justiça Federal. Aguardamos uma decisão judicial para saber se ele fica no Paraná ou será transferido para São Paulo”, explicou o delegado.
Antes da transferência para São Paulo, o estudante pode ser levado para a Cadeia Pública de Foz do Iguaçu ou para o Presídio Federal de Catanduvas.
Segundo a PF, Cadu tentava deixar sozinho o país em um carro roubado em São Paulo. Policiais rodoviários em um posto da rodovia PR 227 anotaram as placas do carro e descobriram que era roubado.
Uma perseguição foi iniciada. Ao receber ordem para parar, Cadu teria reagido e atirado nos policiais. Segundo a polícia, ele atirou seis vezes. Ao passa pelo posto da Alfândega brasileira, ele voltou a atirar, acertando um agente federal no braço – o policial não corre risco de morrer. O estudante foi preso no meio da ponte.
Glauco e seu filho Raoni foram mortos a tiros durante a madrugada de sexta, na residência do cartunista, em Osasco, na Grande São Paulo. No local, também funciona a Igreja Céu de Maria, seguidora do Santo Daime, da qual as vítimas eram adeptas. Cadu, o suspeito, também chegou a frequentar os cultos e era conhecido da família do cartunista.
Segundo testemunhas, o jovem matou Glauco e Raoni após uma discussão. O rapaz, que faz tratamento contra dependência química, teria entrado armado na residência de Glauco. Após o crime, ele teria fugido em um carro Gol cinza, guiado por Felipe Iasi, 23 anos.
De acordo com o advogado de Iasi, Cássio Paulette, o jovem, que se apresentou no Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco neste domingo, teria sido rendido e obrigado por Cadu a levá-lo até a casa das vítimas em Osasco.
Ele teria ligado momentos antes para o jovem e o convidado para se encontrarem, “um programa normal de jovens, sair para conversar e beber”, na noite de sexta, segundo o advogado.
“Felipe recebeu um telefonema e foi apanhar Cadu em sua residência. Ele entrou no veículo, apontou uma arma e o obrigou a levá-lo até a casa das vítimas”, contou Paulette. Ele disse, ainda, que Cadu teria anunciado se tratar de um sequestro e que Felipe achou que estava sendo levado para um cativeiro.
Paulette confirmou que Cadu teria rendido a enteada de Glauco e, assim, entrado na casa e atraído toda a família. De acordo com ele, o suspeito teria discutido asperamente com Glauco, afirmando que o cartunista sabia o que ele queria. Após os tiros, Iasi teria fugido. Segundo o advogado, Felipe não chamou a polícia porque estava "apavorado e achou que estava sendo perseguido por Cadu". Ele teria ido direto para a casa.
A versão é contestada por Beatriz Galvão, viúva do cartunista. “Me dava a impressão que ele (Felipe) não estava também muito normal, porque ele estava com o olho muito arregalado, sabe?”, diz Beatriz. “Enquanto o Cadu fazia toda essa barbaridade, ele ficou sentado no sofá. Eu falei ajuda, ajuda por favor. Ele falou (faz que não com a cabeça)”, conta ela. “Após o assassinato, ele levou o Cadu embora dentro do carro dele”.
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