sexta-feira, 26 de março de 2010

Veredicto pode ser conhecido nesta sexta-feira

Quase dois anos depois da morte da menina Isabella, os brasileiros que acompanham o caso desde o seu início poderão finalmente conhecer o veredicto dos jurados sobre o casal Nardoni, na noite desta sexta-feira ou até na madrugada de sábado. Pelo menos essa é a expectativa após uma semana marcada por depoimentos das testemunhas e interrogatório dos réus. O anúncio do resultado do júri, no entanto, será precedido, durante todo o dia, por um aguardado e caloroso debate entre a acusação e a defesa.

Neste embate entre o promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval, cada um terá duas horas e meia para fazer suas apresentações na tentativa de convencer os jurados da culpa ou inocência do casal na morte de Isabella Nardoni na noite de 29 de março de 2008. Em seguida, a acusação terá direito a uma hora e meia de réplica seguida por mais uma hora e meia de tréplica para a defesa.

Depois da decisão do júri, juiz, defesa, acusação e os réus retornam ao plenário para a leitura desta. Se houver condenação, o juiz profere a sentença, com o tempo de prisão. Com a absolvição, eles estarão livres.

4º dia – quinta-feira (25/03)

A quinta-feira começou com as expectativas em torno dos depoimentos de Alexandre Nardoni, o primeiro a falar, e de Anna Carolina Jatobá. O pai de Isabella começou a ser interrogado pelo juiz Maurício Fossen às 10h45. Depois, respondeu às perguntas da acusação e, finalmente, as da defesa.

Durante o depoimento, chorou ao falar da filha. “Foi o pior dia da minha vida. Eu perdi tudo de mais valioso. Perdi a noção do que estava acontecendo”. A emoção de Nardoni durante o interrogatório sensibilizou os jurados.

Ele disse ainda que a polícia sugeriu que ele assumisse o crime durante as investigações. Nardoni se disse “indignado”, porque, para ele, isso demonstrou que a “a polícia não queria descobrir” o que de fato ocorreu no edifício London, onde Isabella morreu. O depoimento dele terminou às 16h25, permeado por um intervalo para almoço.

Anna Carolina Jatobá começou a depor em seguida e seu interrogatório foi encerrado às 20h45. Mais nervosa do que Alexandre, ela já entrou chorando no plenário e chegou a ser advertida pelo juiz para que falasse mais devagar. Bastante emocionada durante o seu depoimento, a madrasta de Isabella continuou chorando em vários momentos diante do júri. Para várias perguntas feitas a ela pela acusação, Jatobá repetiu uma resposta padrão: “Não me recordo”.

Admitiu ter "inventado" e "aumentado" alguns fatos à polícia em depoimento na época da morte da garota.

Questionada pelo promotor Francisco Cembranelli sobre o fato de não ter mencionado em seu primeiro depoimento à polícia que havia perdido a chave do apartamento, ela afirmou que não falou sobre isso porque estava nervosa e porque “esqueceu”. Por diversas vezes, o promotor apontou contradições entre o primeiro e o segundo depoimentos dados por ela à polícia na época da morte de Isabella.

Anna Jatobá também afirmou que não é uma pessoa violenta. “Eu nunca bati em ninguém. Nunca fui violenta”. Ela contou que antes de o filho mais velho nascer, ela e Alexandre brigavam muito. “Depois de ter meu filho, amadureci”, contou.

No depoimento, ela se referiu à mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, como “Carol”. Mas também afirmou que a mãe da menina vivia a “infernizando”.

Além disso, ela negou que houvesse uma fralda no carro do casal. “Queria deixar uma coisa bem clara: não tinha fralda nenhuma no carro. A bolsa dos meninos estava no porta-malas do carro", afirmou.

Questionada sobre o fato de não ter imediatamente ligado para a polícia, deu resposta similar à de Alexandre. “É de praxe tudo o que acontece eu e o Alexandre ligarmos para nossos pais. Na hora do desespero, a única coisa que pensamos foi ligar para nossos pais”, disse. E completou: “Quando a gente desceu, disseram que já tinham chamado o resgate”.

Antes de encerrar seu interrogatório, Anna Carolina Jatobá disse que até hoje não sabe o que ocorreu no dia da morte de Isabella. “É um mistério para o mundo inteiro e para mim também. Eu me pergunto todos os dias o que aconteceu”, afirmou a madrasta da menina, desatando a chorar logo depois.

3º dia – quarta-feira (24/03)

Na quarta-feira, três testemunhas foram ouvidas no terceiro dia de julgamento do casal. O dia foi marcado pelo depoimento da perita criminal Rosângela Monteiro, que afirmou que as marcas da rede de proteção na camiseta de Nardoni evidenciam que foi ele quem atirou a menina pela janela.

Segundo ela, é impossível que as marcas na camisa tenham sido feitas de outra forma que não seja segurando um peso de 25 kg, com os braços estendidos para fora da janela. A perita também afirmou que o sangue encontrado no apartamento era da menina morta.

Por volta das 19 horas, o julgamento foi interrompido pelo juiz Maurício Fossen. A dispensa de oito das dez testemunhas pela defesa do casal surpreendeu. Alexandre vestia camisa verde e calça jeans e Anna Jatobá camisa rosa e calça preta. Mais uma vez, a avó de Isabella, Rosa Oliveira, não suportou a descrição das condições da morte da menina e deixou o plenário.

A primeira testemunha a depor na quarta-feira foi a perita criminal Rosângela Monteiro, responsável pela elaboração dos laudos sobre a morte da menina Isabella Nardoni em 2008. O depoimento dela começou às 10h25 e durou mais de cinco horas.

Rosângela foi arrolada como testemunha tanto pela defesa quanto pela acusação do casal. Ela disse que a menina foi ferida antes de entrar no apartamento do casal Nardoni e que já entrou sangrando. A perita afirmou ainda que o sangue encontrado no apartamento era da menina morta.

A perita afirmou também que as marcas da rede de proteção na camiseta de Nardoni evidenciam que foi ele quem atirou a menina pela janela. Alexandre e Anna Jatobá permaneceram impassíveis durante todo o testemunho; ele, no entanto, demonstrou mais atenção às explicações da perita do que ela.

Por volta das 17 horas, começou o depoimento do jornalista Rogério Pagnan. Na época da queda de Isabella, ele fez uma entrevista com o pedreiro Gabriel Santos para o jornal "Folha de S.Paulo", em que ele afirmava que uma pessoa havia arrombado uma obra vizinha ao edifício London na noite do crime. O depoimento de Pagnan durou cerca de 40 minutos. Enquanto fazia uma demonstração, o jornalista quebrou um pedaço da maquete.

A terceira testemunha a depor foi o escrivão de polícia Jair Stirbulov. Ele terminou de falar às 18 horas. Em seu depoimento, ele disse que foi chamado para atender uma ocorrência de roubo seguido de morte e que auxiliou a delegada Renata Pontes nas investigações do crime por 30 dias ouvindo vizinhos e colhendo informações. Ele foi a última testemunha a ser convocada pela defesa.

Segundo dia – terça-feira (23/03)

Três testemunhas foram ouvidas no segundo dia de julgamento. Durante os depoimentos, maquetes do edifício London e do apartamento do casal acabaram utilizadas. Os jurados também viram fotografias da menina após a morte.

O julgamento começou às 10h05 (com atraso, em razão da montagem das maquetes) e terminou por volta das 19h30. As três testemunhas que prestaram depoimento foram: a delegada Renata Pontes, o médico-legista Paulo Sergio Tieppo Alves e o perito baiano Luiz Eduardo de Carvalho.

Em seu depoimento, que durou cerca de 4 horas, Renata Pontes afirmou ter “100% de certeza” de que Anna e Alexandre foram os responsáveis pela morte da menina e detalhou sua atuação na noite do dia 29 de março de 2008. A certeza da culpa do casal veio após a constatação de que a menina foi agredida antes de cair da janela. Dessa forma, ela descartou morte acidental e latrocínio (roubo seguido de morte), duas versões sustentadas pela defesa.

Após um recesso para o almoço, o julgamento foi retomado às 15h45. O médico-legista Paulo Sergio Tieppo Alves foi a segunda testemunha a ser ouvida. Alves detalhou todo o processo de necropsia. Sobre a presença de marcas de unhas na nuca e lesões na boca e no rosto de Isabella, ele afirmou que esses detalhes comprovam que houve esganadura.

A avó materna de Isabella, Rosa Oliveira, deixou a sala assim que o médico-legista exibiu fotos do corpo da garota morta. Ao ver as imagens da menina, ela virou o rosto e ficou muito nervosa.

O perito criminal baiano Luiz Eduardo de Carvalho Dória foi o último a ser ouvido na noite de terça-feira. Arrolado pela assistência de acusação, ele analisou manchas de sangue encontradas na cena do crime, como em lençóis no quarto de onde Isabella caiu. Segundo ele, “existem padrões de mancha que permitem estabelecer a altura” da qual ela caiu. De acordo com ele, pela análise é possível concluir que as gotas no local do crime caíram de uma altura superior a 1,25m.

Primeiro dia – segunda-feira (22/03)

O primeiro dia de julgamento, na segunda-feira, foi marcado pelo depoimento emocionado de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella e considerada testemunha-chave pela acusação, por afirmar que a relação da madrasta com a filha era muito tumultuada, e que havia muito ciúme por parte da mulher de Alexandre Nardoni. Antes do depoimento dela, que teve início às 19h30, houve o sorteio dos jurados.

Durante o depoimento, Ana Carolina mostrou-se muito abalada e chorou em várias ocasiões. Ela se emocionou ao lembrar do momento em que chegou ao edifício London, ao falar da menina sendo levada para ambulância e também ao relatar aos jurados como recebeu a notícia da morte de Isabella.

Segundo a mãe, Alexandre jamais conversou com ela sobre o que ocorreu no apartamento, mesmo no velório da menina. Durante o depoimento, Ana Carolina contou detalhes do relacionamento com Nardoni e disse que ele era violento em algumas ocasiões, chegando, inclusive, a jogar o filho no chão uma vez.

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