"Foi uma sucessão de milagres." Assim o comerciante Maurício Dini Kliukas, 40 anos, define como ele, a mulher e a filha escaparam com vida de um assalto ocorrido no mês passado na zona norte. Ele dirigiu 10 km baleado e bateu o carro, o bebê foi arremessado pela janela.
"Poderia ter sido pior se eu não tivesse tido sorte ou a mão de Deus." Ele cita os motivos de achar o caso um milagre: "Primeiro, Juliana [a filha] não ter um arranhão. Depois, Rose [Rosemeire, a mulher] ter só cortes superficiais. Por último, meus órgãos vitais não serem atingidos. Sou católico não praticante. Depois dessa situação, você acaba acreditando que uma mão divina desviou a bala da coluna e do coração".
"Como o vidro do lado do motorista estava só um pouco aberto, o assaltante atirou por aquele vãozinho. Não vi quando ele se aproximou. Rose viu a arma na minha direção e gritou: 'Ele tá armado'", lembra o comerciante.
"A única coisa que pensei na hora em que o assaltante começou a disparar é que não podia ficar parado. Repetia para mim mesmo 'agora que Juliana nasceu, não posso morrer de jeito nenhum'", afirmou Kliukas.
Kliukas disse que saiu do hospital após 15 dias internado e que continua com três balas no corpo. Os médicos esperam cicatrizar para decidir se vão retirá-la.
"Não tenho dúvidas de que ele [o bandido] iria nos matar. Acelerei tudo o que podia. Foi instintivo. Sabia que estava baleado. Não sentia dor, mas meu ombro esquerdo queimava muito. Acelerava e perguntava se elas tinham levado tiros", disse o comerciante.
A mulher, Rosemeire Loureiro, 40 anos, se jogou sobre o bebê conforto para proteger a filha. Sete tiros atingiram a lataria do carro --outros destruíram os vidros.
"Tentava tranquilizar a Rose dizendo que ia para o hospital. Ela pedia que parasse o carro, mas, naquele trecho da Fernão Dias, não tinha nada. Estava com medo. Os assaltantes nos perseguiram por um tempo", afirmou Kliukas.
Segundo ele, o carro bateu numa mureta e capotou três vezes. "Um rapaz encontrou Juliana a 20 metros do carro, enrolada em cobertores e sobre uma caminha de vidros."
"Espero que nunca vivam um momento como esse. Juliana está viva e sem um aranhão porque não estava presa ao cinto do bebê conforto. Não aconselho a andar com ou sem. No nosso caso, ela teria se machucado mais. O bebê conforto foi parar prensado no teto do carro, preso ao cinto de segurança", diz o comerciante, que conta que ainda não foi ouvido pela polícia.
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