Em um período de aproximadamente uma hora e meia, em Guarujá, seis pessoas foram assassinadas a tiros e outras duas, baleadas. No caso mais grave, de uma só vez, cinco vítimas foram atingidas pelos disparos. Embora os crimes tenham ocorrido em três locais diferentes, a Polícia Civil não descarta a possibilidade deles estarem relacionados entre si. A confirmação dessa hipótese depende de laudos periciais.
"Aguardamos os laudos da balística para saber se os projéteis que atingiram as vítimas partiram das mesmas armas", revelou ontem delegado titular do município, Cláudio Rossi. A autoridade policial reconheceu que, por enquanto, não há pistas da autoria e da motivação dos crimes, mas garantiu que "a Polícia Civil e a Polícia Militar têm o maior interesse em esclarecê-los".
A matança em série foi cometida entre a noite de segunda-feira e a madrugada de terça-feira, começando com um duplo homicídio. Eram cerca de 23h30, quando os ocupantes de uma moto Honda NXR 150 Bros preta, cuja placa não foi anotada, disparou várias vezes na direção de Antônio Carlos Nunes Vieira (idade ignorada) e de outro homem, que permanecia sem identificação, até o final da tarde de ontem, no Instituto Médico-Legal (IML) de Guarujá.
As vítimas não portavam documentos e foram baleadas na Avenida Santos Dumont, em frente ao Hospital Ana Costa, em Vicente de Carvalho. Encaminhado para esse hospital, onde morreu momentos depois, Antônio Carlos só foi identificado porque umaenfermeiraoreconheceucomo sendo um paciente atendido há alguns dias naquele mesmo estabelecimento. O desconhecido, por sua vez, foi levado de ambulância ao Posto de Atendimento Médico (PAM) da Rodoviária, sendo transferido ao Hospital Santo Amaro, onde também faleceu. O policial militar Magno Guimarães, a princípio, não obteve qualquer informação sobre o duplo homicídio devido à ausência de testemunhas. No entanto, ao retornar ao local do crime, identificou uma pessoa que viu a Honda Bros.
De acordo com essa testemunha, cuja identidade está sendo mantida em sigilo pela Polícia Civil, dois homens ocupavam a moto e "rondaram" as imediaçõesdo Hospital Ana Costa, antes de atirarem na direção de AntônioCarlosedodesconhecido, que foi descrito apenas como branco. Em busca de vestígios do crime, o delegado Mário Olinto Junqueira de Oliveira Filho compareceu ao local acompanhado de peritos.
NINGUÉM VIU
De modo também misterioso, o estudante Thiago Emanuel da Silva do Espírito Santo, de 23 anos, foi morto a tiros, nos primeirosminutosdamadrugada de ontem, na Rua Belo Horizonte, em Vicente de Carvalho. Acionado para o atendimento da ocorrência, o policial militar Fernando Silva se deparou no local com várias pessoas, entre elas a mãe do jovem, moradores dasimediações e curiosos.
No entanto, todos afirmaram que não presenciaram o assassinato. Justificaram que apenas escutaram os disparos ou foram avisados sobre o homicídio, comparecendo ao local. Thiago morreu na rua e lá também estiveram o delegado Junqueira e peritos criminais. Segundo informações, uma moto foi vista circulando pela área e os seus ocupantes atiraram no jovem.
CHACINA
O caso mais grave ocorreu por volta da 1 hora de ontem, na Avenida Tancredo Neves, no Bairro Cachoeira. Na frente e dentro de uma borracharia,cinco pessoas foram baleadas, inclusive o seu dono. Três delas morreram. Quatro homens em duas motos praticaram a chacina. Os tiros foram dados pelos ocupantes da garupa, que nada disseram. Como nos outros episódios, agiram com requintes de execução sumária.
"Ele não tinha antecedente. Foi morto com as mãos sujas de graxa porque estava trabalhando. Foi uma covardia o que fizeram". O desabafo é da sogra de Ezequiel Donizeti Saldanha Damasceno, de 25 anos. Dono da borracharia e pai de três filhos,orapaz morreuno Hospital Santo Amaro. Além dele, foram baleados mais quatro pessoas, entre elas um adolescente de apenas 15 anos.
Alexandre Soares Policarpo, de 30 anos, morreu no próprio local da chacina. Reinaldo Augusto Nascimento da Trindade, de 31 anos, chegou a ser levado ao PAM da Rodoviária, onde faleceu. O adolescente foi medicado no Hospital Santo Amaro, sendo liberado. Jorge Michael Ferreira de Oliveira, de 19 anos, permanece internado no Santo Amaro.
O delegado Rossi confirmou que o dono da borracharia e a maioria das vítimas não possuíam passagens criminais. Segundo ele, a minoria registrava antecedentes por delitos sem gravidade e não ostentava indícios de ligação com facções. Lamentando os assassinatos, o titular de Guarujá espera que a população colabore com as investigações, repassando informações à Polícia Civil.
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