O paisagista Mitiro Nagao, 46 anos, produz flores em Mogi das Cruzes (Grande SP) e trabalha na capital ornamentando jardins de gente famosa. Quando volta para casa, no pacato distrito rural de Pindorama, depois de duas horas de trânsito, ainda ajuda a combater o crime.
Com um rádio amador em sua caminhonete F-250 ou pelo celular, recebe denúncias de furtos, assassinatos e até brigas de casais. Dependendo do caso, coloca um giroflex no teto de seu carro e vai até o local do crime.
Às vezes, isola uma área de desova de corpos, na estrada que leva a Suzano, com fita zebrada e fica lá, até a polícia chegar. Em outros casos, tira o giroflex e, com a ajuda de cinco amigos, faz perseguições a veículos furtados, dando as coordenadas para a polícia. Suas armas são um farolete, um binóculo e um guarda-chuva.
Nagao não é policial. Seu trabalho é, basicamente, ajudar a polícia e atrapalhar os bandidos. Ele faz parte do Serviço de Vigilância Comunitária, criado em 1994 pela Associação Rural de Pindorama e oficializado no último 22 de abril, quando o lugar ganhou a primeira Base Comunitária de Segurança Distrital da Grande São Paulo.
O modelo de policiamento, chamado de "tyusaichô", foi importado do Japão e serve apenas para comunidades rurais. Boa parte dos 4.000 moradores de Pindorama é descendente de japoneses --o que pode ser visto nos nomes das estradas vicinais, onde há placas com a frase "bairro monitorado pelo Serviço de Vigilância Comunitária".
Pelo modelo japonês, a base distrital também serve como moradia para o policial. Com três quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e câmeras de segurança, a moradia também foi construída em parceria: 112 produtores rurais da região doam R$ 100 mil em materiais de construção. A Polícia Militar bancou a mão de obra e alguns equipamentos.
O uso do giroflex de imãs com a logomarca do Serviço de Vigilância Comunitária pelos participantes foi autorizado pelo departamento de trânsito.
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