segunda-feira, 14 de junho de 2010

Defesa pede para que polícia investigue possibilidade de advogada ter sido ameaçada


A defesa de Mizael Bispo, considerado o principal suspeito pelo desaparecimento e morte da ex-namorada, Mércia Nakashima, informou neste domingo que sugeriu à Polícia Civil que seja investigada também a possibilidade de a advogada ter sido assassinada por um ex-cliente dela insatisfeito com o resultado de uma causa trabalhista.

A comissão de acompanhamento de inquéritos que apuram homicídios contra advogados da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) monitora o caso para saber se a mulher foi morta no exercício da profissão.

“O Mizael já falou à polícia que sua ex-namorada foi ameaçada três vezes no ano passado por um cliente insatisfeito com o desfecho de uma ação trabalhista. Mércia chegou a ligar para Mizael buscá-la de carro no serviço nessas três oportunidades porque ela estaria com medo de sair sozinha. Ela pode ter tido algum desentendimento com o cliente. Por isso, pedi também o acompanhamento da comissão da OAB”, disse por telefone o advogado de Bispo, Samir Haddad Júnior.

De acordo com Haddad Júnior, Bispo, que também é advogado, já informou em depoimento à polícia o nome do cliente suspeito de ter feito ameaças à sua ex-namorada em 2009. “Resta agora a polícia ampliar o leque de investigações. Apesar de as ameaças terem sido feitas no ano passado, é possível que o cliente tenha se vingado agora e a matado. É preciso apurar e só a polícia pode fazer isso”, disse o defensor.

Ainda, segundo o advogado de Bispo, ele e seu cliente irão relatar as supostas ameaças sofridas por Mércia à comissão da OAB-SP. Procurado neste domingo para comentar o assunto, o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio D'Urso, afirmou que a instituição vai acompanhar a investigação policial e irá se manifestar, caso existam indícios de que Mércia foi morta por causa da profissão.

“Qualquer informação que recebermos também iremos encaminhar para o inquérito policial apurar. Se for constatado que ela morreu no exercício da advocacia, vamos atrás de todos os processos nos quais Mércia trabalhou e entregá-los à polícia, se eles forem solicitados”, disse D'Urso.

Investigação

De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o GPS do carro de Bispo mostra que ele estava perto do local, no mesmo dia, onde a advogada foi vista pela última vez antes de sumir. O ex-namorado alega que estava com uma outra mulher em seu carro num estacionamento de um hospital próximo a casa da avó da ex. Essa testemunha ainda não foi encontrada. Um guardador de carros também falou à polícia ter visto o advogado na região.

Além disso, as quebras dos sigilos telefônicos da vítima e do suspeito mostram que Bispo ligou para o telefone da ex no mesmo dia em que ela desapareceu.

Ainda na sexta, a equipe do delegado Antônio Olim, do DHPP, cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência e escritório do advogado. Foram apreendidos camisa rasgada nas costas e dois pares de calçados com terra para serem periciados. A lama encontrada nos sapatos e tênis de Bispo será comparada com a terra da represa onde Mércia foi achada para saber se o suspeito estava lá.

Exames preliminares feitos pelo Instituto Médico-Legal (IML) no corpo de Mércia indicam que ela sofreu uma fratura no maxilar, segundo informaram fontes médicas e policiais. A advogada foi enterrada no sábado em um cemitério em Guarulhos, na Grande São Paulo, sob os gritos de ‘‘justiça". Cerca de 500 pessoas participaram do cortejo.

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