A aparência não é das melhores. Parece um comprimido antigo, meio tosco, lilás, do tamanho de uma jujuba. A novidade é o conteúdo. É o primeiro comprimido de ecstasy cuja produção é atribuída a um laboratório da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a Polícia Civil de São Paulo.
"Não tem uma cara boa, tem uma aparência meio 25 de Março, mas é ecstasy", diz a delegada Sueli Neute, do Denarc, o departamento de narcóticos da Polícia Civil, citando a rua da capital, que vende produtos mais populares. Ela fez a apreensão dos 20 comprimidos numa favela perto do aeroporto de Congonhas, no dia 28 de maio.
Pílulas similares já haviam sido encontradas pela polícia com traficantes, diz a delegada. Mas, após análise laboratorial, constatava-se que não havia droga na pílula.
Sintetizar ecstasy exige laboratório e um grau de conhecimento mais especializado do que o aplicado no refino de cocaína e crack, segundo o delegado Rodrigo Avelar, da Polícia Federal.
O lote cujo exame deu resultado positivo na análise do Instituto de Criminalística pode indicar que algum integrante da facção aprendeu a sintetizar a droga ou contratou alguém para essa tarefa.
A polícia já encontrou pelo menos três laboratórios de ecstasy no país: um em São Paulo, em 1990, outro em Pinhas (PR), em 2008, e um terceiro em Imaruí, no interior de Santa Catarina, em 2009.
Todos tinham por trás um estudante universitário de química ou um técnico.
"Essa apreensão de ecstasy mostra que o PCC está se sofisticando, diversificando seus negócios e buscando novos públicos", diz o sociólogo Guaracy Mingardi.
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