Uma ação da Polícia Civil contra traficantes e usuários de crack no Centro de São Paulo provocou desentendimento entre autoridades estaduais e municipais.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a operação foi apenas “pirotecnia” que terminou na imediata liberação de centenas de usuários de drogas, por falta de atendimento médico ou social. O delegado que comandou a ação disse que crítica foi “insensata”, e rebateu: “precisamos resolver o problema da população e não ter vaidade”.
Dezenas de usuários de crack foram liberados por policiais de uma unidade de atendimento da prefeitura, no Centro da capital paulista. Em minutos, eles estavam de volta à área da cidade conhecida como Cracolândia.
Um deles é um menino de 12 anos, que descreve, em poucas palavras, como funciona a região. “Eu não posso ficar sem a pedra que começo a tremer. Se eu não tiver dinheiro tenho que roubar”.
Uma hora antes, as mesmas pessoas haviam sido abordadas perto dali. Policiais civis cercaram três quarteirões. Todos que circulavam na região foram enfileirados nas calçadas, com as mãos para a parede, e revistados. A ação foi contra o tráfico de crack.
Durante 15 dias, policiais gravaram imagens do intenso comércio de crack. Elas ajudaram a identificar traficantes. Muitas mulheres aparecem movimentando o comércio de drogas, e foi com delas que a polícia encontrou as primeiras pedras de crack. E havia muito mais num dos hotéis da região.
Mais de 400 pedras de crack foram apreendidas e 64 suspeitos presos em flagrante por associação ao tráfico.
Apesar do resultado, a ação causou um desentendimento entre a Polícia Civil e a prefeitura de São Paulo. Tudo porque os usuários de drogas não receberam atendimento médico ou social e voltaram logo para as ruas.
'Pirotecnia'
Em nota, o secretário municipal de Saúde, Januário Montone, disse que a ação policial foi feita sem planejamento conjunto e preparação da área de saúde.
Montone também afirma que o local onde a policia confinou os usuários de drogas não é um serviço de saúde, mas um ponto de apoio dos agentes de saúde. Na mesma nota, o secretário classifica a ação de “espetáculo pirotécnico” de confinamento e liberação dos detidos.
'Insensato'
O delegado que comandou a Policia Civil na zona central de São Paulo, Aldo Galiano Jr, disse que levou os viciados para o centro de atendimento porque ali trabalham agentes de saúde. Ele rebateu a nota do secretário municipal.
“É no mínimo insensata, a partir do momento em que repudia uma ação que apreendeu mais de meio quilo de drogas, cerca de 50 traficantes estão indo para a cadeia, manifestar repúdio. É no mínimo insensato. O que nós precisamos é resolver o problema da população e não se ter vaidade, quem fez ou quem deixou de fazer”, afirmou.
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