Uma operação da Polícia Federal (PF) iniciada na noite do último sábado e finalizada na madrugada de ontem apreendeu 163 comprimidos de ecstasy dentro do navio cruzeiro “Vision of the seas”, da empresa Royal Caribbean International, que estava fundeado no arquipélago. A ação resultou na prisão de dois bancários, identificados por F.A., 28 anos, e R.S., 24, ambos da capital paulista, que embarcaram em Santos (SP) e seguiam rumo à Ilha de Búzios (RJ).
De acordo com Eduardo Marcondes do Amaral, delegado da PF de São Sebastião, a operação foi motivada pelo perfil de público que o navio atendia durante a viagem. “No sábado, Ilhabela recebeu cinco navios e de todos esses, o ‘Vision’ era o único voltado para adeptos de música eletrônica, um estilo que, geralmente, pode atrair usuários de drogas sintéticas”, conta. “Os navios restantes eram mais diversificados, inclusive, o que realizava o show do cantor Roberto Carlos [Costa Concórdia, da empresa Costa Cruzeiros]. A possibilidade de termos uma apreensão como a que tivemos nesse fim de semana seria bem menor”, acrescenta.
Amaral detalha que a equipe de policiais entrou com apoio de seguranças da própria agência marítima da embarcação e que todos os homens da corporação estavam à paisana, vestidos com roupas normais do dia-a-dia, sem que pudessem ser identificados pelos passageiros. “Lá dentro nós éramos pessoas normais. Isso facilitou a identificação das pessoas que estavam com comprimidos de ecstasy. Através desse disfarce, poderiam até nos oferecer as drogas sem que percebessem que éramos policiais”, conta.
Os bancários, de acordo com o delegado, não ofereceram resistência à prisão e disseram que não estavam comercializando o entorpecente, argumento que não foi aceito pelos policiais. “Não tem como os dois consumirem cerca de 200 comprimidos de ecstasy. Se a pessoa consumir 10, por exemplo, já morre”, enfatiza.
Inicialmente, os dois estavam com pouca quantidade do entorpecente. A maior parte do material estava dentro das cabines. “Acho que a ficha deles ainda não caiu. Por serem de um nível econômico elevado e buscarem dentro do navio apenas diversão, acreditavam que não praticavam nenhum crime”, diz.
Além do ecstasy, também foram apreendidos alguns tubos de cola acrílica B-25, uma espécie de lança-perfume, que não é considerada ilegal, mas que tem o mesmo poder de prejudicar a saúde do usuário. “Nesse caso, não podemos prender as pessoas. O jeito mesmo é tirar o produto de circulação do local. Esses tubos, em média, custam R$ 50 o litro”, complementa Amaral.
Por conta de toda a ação, o navio “Vision of the Seas”, que tinha previsão para sair de Ilhabela às 21h de sábado, só conseguiu prosseguir com sua viagem às 0h.
Os bancários e outras sete pessoas encontradas com droga foram levados do navio diretamente para a delegacia da Polícia Federal, onde prestaram depoimentos durante a madrugada. Ao contrário dos sete jovens envolvidos, considerados apenas usuários e liberados após a realização dos procedimentos policiais, os bancários foram enquadrados por tráfico de entorpecentes, crime previsto no Artigo 33 da Lei 11.343/06 e que pune o indiciado com cinco até 15 anos de reclusão.
Ainda ontem, os dois foram recolhidos ao Centro de Detenção Provisória (CDP), em Caraguatatuba. Já as drogas apreendidas passarão por perícia.
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