A mais temida de todas as missões para a polícia do Rio, a ocupação do complexo do Alemão, na zona norte, terminou na manhã de ontem menos de duas horas depois e praticamente sem resistência por parte dos traficantes.
Esse comportamento surpreendeu até os policiais. Um violento confronto era dado como praticamente certo após a recusa dos traficantes a se entregarem no dia anterior e depois da violenta troca de tiros no primeiro dia de cerco feito pelo Exército.
A ocupação do morro começou segundos antes das 8h com um efetivo de quase 2.700 homens entre policiais militares, civis e federais e com apoio de homens e blindados do Exército e Marinha.
Só do Exército foram cerca de 800 homens que cercaram as 44 saídas do complexo desde a tarde de sexta.
Um helicóptero blindado da Polícia Civil fazia voos rasantes sobre o morro, atirando em traficantes armados. Ao mesmo tempo, blindados da Marinha subiam por uma rua enquanto tropas de policiais militares e civis entravam por outros acessos.
Pouco minutos após as 9h, o comandante da PM do Rio, Mário Sérgio Duarte, anunciou: "Vencemos." Às 14h, policiais civis do Core hastearam uma bandeira do Brasil e outra da Polícia Civil --depois trocada pela do Estado do Rio-- no alto do morro.
Policiais estimavam em 500 traficantes, entre os mais violentos do Rio, e um dos maiores arsenais dos morros cariocas. "Aqui era a fortaleza, o coração da facção maior (Comando Vermelho), com maior poder de fogo, da facção que tinha interesse em dominar as outras facções", disse Duarte.
Segundo a polícia, os traficantes fugiram deixando armas e drogas. Foram apreendidos cerca de 40 toneladas de maconha, além de 50 fuzis. Cerca de 20 foram presos.
Dentro da favela, dezenas de motos foram abandonadas. Rastros de sangue também eram vistos. Pelo menos três morreram durante o confronto, segundo a polícia.
Os traficantes chegaram a abrir um buraco na rua principal da favela para evitar o avanço da polícia e colocar carros como barricada.
Os policiais disseram que parte dos criminosos ainda pode estar no complexo e, por isso, o cerco deverá permanecer por tempo indeterminado. A ocupação do morro do Alemão foi desencadeada após uma série de atentados ocorridos na cidade desde a semana passada. Ontem, não houve ataques.
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