Para Zé Elias, é hora de recomeçar. Depois de 30 dias na cadeia, o ex-jogador tenta olhar para frente, no curto e longo prazos. Para o final de semana em São Paulo, o projeto é ir ao Pacaembu ver o jogo do Corinthians pelo Brasileiro e reencontrar os amigos da Rádio Globo, onde trabalhava de comentarista antes de ser preso. E, claro, passar o maior tempo possível com os filhos, Lucas, 3 de anos, e Valentina, de 1 ano, em casa, para matar as saudades.
Os planos a longo prazo, por outro lado, são bem mais ambiciosos. Zé Elias admitiu que pode se candidatar a deputado federal para tentar promover alterações na lei da pensão alimentícia. Por falta de pagamento da pensão dos filhos ele passou um mês na cadeia.
“Não sou político, mas o que tiver ao meu alcance, como recolher assinaturas, para que esse projeto de lei que já está tramitando (no Congresso Nacional) venha a ser aprovado, eu farei, para que deem um passou à frente”, comentou, sobre emenda que já tramita na Câmara dos Deputados para fazer alterações no texto atual.
Em seguida, ao ser questionado sobre uma possível candidatura como deputado federal, Zé Elias foi mais direto: “Se receber um convite (de algum partido) e ver que realmente vale a pena, que é algo sério para mudar essa forma de cobrança, sim (que aceita ser candidato). As mães acham que só os pais vão ser presos. Mas a mesma lei vale para mãe também. No dia que eu fui preso, duas mães foram presas também. O que estou pensando é para a família”.
Para o ex-jogador, a atual forma de cobrança da lei aos pais inadimplentes “é muito dura”. “Você começa ouvir muitas histórias, você começa a ouvir muita revolta contra juízes, contra desembargadores. Tentei mostrar que o problema está na forma de cobrança, porque se o juiz não executar (a lei) as ex-esposas vão pressionar. Ele está ali para aplicar a lei. O que tem de ser feito é tentar mudar a forma de cobrança dessa lei, para evitar determinadas coisas. Eu vi gente lá assinando acordo em branco, nem lendo, porque queria sair”, contou.
O novo texto da lei deveria apresentar três mudanças fundamentais, segundo Zé Elias: o pai inadimplente deveria realizar algum serviço comunitário para se sentir útil, o que ao mesmo tempo geraria benefício para o Estado, e, o mais importante de tudo, não ser privado do convívio familiar. Na visão dele, os filhos são os que mais sofrem com a prisão do pai ou da mãe. Pena mais severa apenas em casos de reincidência por parte do pai ou mãe devedor, defendeu Zé Elias.
“O mais difícil é saber que os únicos prejudicados nesta história não sou eu nem a minha ex-esposa, são os meus filhos. Eu fui lá, passei 30 dias, saí e vou tentar recuperar a minha vida. E os meus filhos? E a hora que o meu filho crescer e olhar aquilo lá e dizer: ‘Pô, meu pai foi preso.’ Porque hoje você tem internet, tem jornal, isso fica. O meu rosto está em todo lugar. Foi isso que eu refleti bastante”, destacou.
Zé Elias considera que a lei atual pune duplamente e, em algumas situações, até mesmo impede que o pai inadimplente quite a dívida. “O maior desespero dos pais é porque eles são pegos no Poupatempo. Eles vão tirar a certidão negativa de antecedentes criminais ou renovar a carteira de identidade para dar entrada em um serviço novo e acabam sendo presos, perdem o emprego e se desesperam. O que era para ser uma esperança se torna um pesadelo. No Poupatempo, só sai que é procurado, mas não sai que é por pensão. O cara sai algemado na frente de todo mundo”, relatou, apresentando mais justificativas para que o texto seja alterado.
Como último argumento, o ex-volante de Corinthians, Internazionale de Milão e Inter revelou que não tem como passar por tal experiência, 30 dias em uma cadeia, sem ficar marcado, mesmo que a pessoa se prepara enfrentar tal situação, como ele fez. “Nunca mais vou ser o mesmo, porque vai demorar muito para esquecer o barulho da tranca de ferro batendo. Vai demorar um bom tempo”, lamentou.
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