A Polícia Civil apreendeu ontem, em operação contra traficantes em pontos de venda de drogas no extremo sul da Grande São Paulo, uma lista com 628 nomes e números de RG de suspeitos de pagar de R$ 300 a R$ 1.500 mensais para a facção PCC (Primeiro Comando da Capital). Ela estava na casa de Samuel Abreu Costa, o Galego, 39 anos.
Costa foi preso e acusado pela Delegacia Seccional de Taboão da Serra (Grande SP) de ser um dos chefes da facção e que, entre outras atribuições, controlava a cobrança da mensalidade. O dinheiro, segundo a polícia, é usado para financiar ações criminosas, comprar cestas básicas para as famílias de alguns detentos, pagar o transporte em dias de visita nos presídios do interior do Estado, enterros e para corromper policiais.
O soldado da Polícia Militar Nelson Gonçalves Nunes, 39 anos (15 deles na PM), também foi preso, segundo o Comando Geral da corporação. Nunes foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça conversando com Osvaldo Clemente Pereira, 47, o Veio, também preso. Em uma das conversas, Pereira pede ajuda para livrar um acusado de tráfico, e o policial responde que não pode ajudar porque a prisão devia ter sido feita pela "[polícia] Civil".
Outros três policiais do 36º Batalhão, o mesmo de Nunes, são suspeitos de receber dinheiro do PCC. Além do PM, Costa e Pereira, outras quatro pessoas foram presas. Foram apreendidos R$ 11 mil, 1.400 pedras de crack, 12 celulares e uma arma. O único ainda procurado é Antonio Fernando Eloy, 43, o Nando, irmão do vereador José Luiz Eloi (PMDB), presidente da Câmara de Taboão da Serra.
O advogado do PM, João dos Reis Netto, diz que ele nega as acusações. A reportagem não pôde entrevistar os outros presos, que, até a conclusão desta edição, não tinham advogado. À polícia Pereira assumiu ser do PCC; Costa negou. O vereador disse não ter ligação com o PCC e que não sabe se o irmão é da facção. Ele disse que pediria para o irmão entrar em contato com a reportagem, mas isso não aconteceu.
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