sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Preso em Arujá acusado de fazer amante refém

Um ex-bombeiro foi preso em flagrante dentro de casa, anteontem à noite, em Arujá (Grande SP), acusado de manter a amante por 17 anos em cárcere privado e torturar, há 11 anos, um dos quatro filhos do casal, de 17 anos.

Benedito Cardoso, 46 anos, é pai de outros sete filhos com a mulher com quem é casado --nove de seus 11 filhos formam a banda de bailes "Largha com H".

A mulher e a amante dele moravam na mesma rua, a menos de cem metros uma da outra, em Vertentes, distrito rural de Arujá próximo à divisa com Mogi das Cruzes (Grande SP). Cardoso negou, em depoimento, que tenha mantido a amante sob cárcere privado e que tenha praticado as agressões relatadas pelo filho.

A dona de casa Francisca Edicle Ferreira do Nascimento, 42 anos, amante do ex-bombeiro, diz que passou 17 anos sem manter nenhum contato com a família devido às ameaças de Cardoso. "Fiquei esse tempo todo sem ver nenhum dos meus nove irmãos. Eu só podia sair para algum lugar com um dos meus filhos", conta a vítima.

"Aceitei isso durante todo esse tempo porque sempre tive muito medo dele. Procurei a polícia porque não aguentava mais essa vida. Comecei a acordar quando meu filho fugiu de casa. Agora estou com medo de ele ser solto e fazer alguma coisa comigo e com meu filho", diz.

O filho mais velho dela E.M.N.C., que fugiu de casa há pouco mais de um mês e foi morar com uma tia, em Guarulhos (Grande SP), afirma que ficou dos seis aos oito anos trancado no porão da casa em que morava, também em Guarulhos. "Fiquei dois anos sem ver minha mãe, amarrado com um pé na corrente presa à cama, comendo um, no máximo, dois abacates verdes à noite, quando ele [Cardoso] ia lá no cativeiro".

"Cheguei a pegar barata com a mão e comer, para matar a fome", diz o filho do ex-bombeiro. O rapaz afirma também que, desde os seis anos, é torturado pelo pai com sessões de choques elétricos. Ele diz que as sessões de tortura aconteciam com ele amarrado na cama ou debaixo do chuveiro --em cima de um cadeira de roda enferrujada. O jovem diz ainda que era ferido com "mangueiradas" e agressões com cabo de aço.

Ele ainda acusa o pai de o obrigar a trabalhar 18 horas por dia, na lavoura que fica no quintal de casa. "Sempre que me batia, ele dizia que eu era arteiro e culpado por ele ter deixado de ser bombeiro."

Segundo a família da mãe do rapaz, Cardoso teria deixado a corporação após ser denunciado, há 17 anos, por ter cometido maus-tratos contra a amante. Na ocasião, ainda de acordo com a família, a vítima teria abortado de gêmeos devido aos chutes na barriga que teria levado. Os bombeiros informaram que ele saiu da corporação, em 1994, por vontade própria.

Cardoso foi indiciado por sete crimes, entre elas, maus-tratos, violência doméstica, sequestro e cárcere privado. Somadas, as penas máximas de cada delito ultrapassam os 27 anos de prisão.

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