quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Secretário da Segurança faz críticas à Polícia Civil

A Polícia Civil de São Paulo encontra-se em situação de "absoluta inépcia [falta de aptidão] e letargia [apatia]". Esses foram os termos usados ontem pelo secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, para definir a situação desde que assumiu o cargo na gestão do governador José Serra (PSDB).

Durante um debate sobre segurança pública promovido pela Fecomercio (Federação de Comércio), Ferreira Pinto fez um balanço de sua gestão, iniciada há cinco meses.

A uma plateia formada na maioria por PMs e cadetes o secretário disse que, para tirar a Polícia Civil desse estágio, iniciou-se uma reestruturação. Ele não fez menção a nenhum de seus antecessores.

Depois de elogiar o trabalho da PM, onde trabalhou 16 anos e saiu como capitão, o secretário afirmou que pode dedicar seu tempo para "resolver os problemas cruciais" da Polícia Civil. "Resolver todos [os problemas] seria muita pretensão, mas não posso comodamente ficar no meu gabinete tendo ciência de todos esses fatos, uma situação de absoluta inépcia e letargia da Polícia Civil."

As mudanças na estrutura da polícia paulista passam por diversos pontos, como a troca de diretores e o acúmulo de funções por delegados. Ferreira Pinto substituiu diversos comandos, como o do Deic (que investiga o crime organizado), o do DHPP (homicídios) e o da corregedoria. Esta, desde ontem, passou a ser subordinada diretamente ao seu gabinete.

O secretário disse que pretender resgatar o caráter investigativo da Polícia Civil. Para isso, fará mais duas mudanças: somente a PM fará escoltas de presos, e todos os termos circunstanciados de ocorrência (que substituem o boletim de ocorrência em casos menos graves) terão de ser feitos por policiais civis.

As mudanças feitas pelo secretário têm como objetivo trazer à Polícia Civil uma nova identidade, mais parecida com a da Polícia Federal. Por exemplo, em vez de dizer que o Deic fez uma operação para prender criminosos, a ação passará a ser caracterizada como da Civil.

Sobre a PM, Ferreira Pinto disse que a Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar), apontada nos anos 90 como uma unidade composta por policiais violentos, deverá reforçar o policiamento na Grande SP. "Não significa nenhuma apologia ao arbítrio, ao desmando, à execução sumária, que, tristemente, nos lembramos 15 anos atrás. Mas não podemos ter timidez em valorizar a Rota", disse.

2 comentários:

  1. Meu comentário:
    As declarações do Secretário da Segurança Pública desafiam qualquer possível lógica do jogo político.
    Afirmar que qualquer instituição subordinada ao Governo do Estado de São Paulo seja “inépta e letárgica”, após tantos e tão longos anos em que Tucanos se sucederam na chefia do executivo estadual é, NO MÍNIMO, complicar ainda mais a situação do patrão perante a opinião pública.
    Com essas palavras o Sr. Secretário reconhece a total incapacidade do PSDB para lidar com assuntos referentes à Segurança Pública.
    Se a Polícia Civil é inépta e letárgica – ponto de vista muito pessoal do Sr. Secretário, e sujeito a muitas discussões filosóficas e conceituais – a responsabilidade recai única e exclusivamente sobre os sucessivos Governadores do Estado filiados ao PSDB, que, nos últimos 15 anos, conduziram a política de Segurança Pública estadual por caminhos que culminaram nesse estado de coisas. Principalmente sobre os ombros do Patrão, cuja inabilidade no trato das nossas reivindicações no ano passado resultou em cenas inesquecíveis, de tão grotescas e inesperadas, e que acabou com qualquer resto de esperança que ainda tínhamos de sermos tratados como profissionais competentes e dedicados, com direito a um salário digno e condições de trabalho minimamente suportáveis.

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  2. O resultado lógico dessas declarações seria algum tipo de reprimenda do Patrão. Ser alvo de tamanha crítica, feita por um dos seus assessores de confiança, não é algo muito palatável por qualquer candidato ao cargo de Presidente da República. É um prato cheio para seus oponentes.
    Quando tomei conhecimento da declaração, tinha quase certeza que o Patrão tomaria alguma atitude de imediato, na tentativa de reparar o estrago causado. No entanto, para a minha surpresa, nada aconteceu. Ao menos até agora.
    Um outro fato inesperado apareceu: o Baleia Rossi, líder do PMDB na ALESP, propôs uma indicação que contraria tudo o que o PSDB demonstrou ser a sua prática para com o Funcionalismo Público Estadual. Ocorre que o PMDB é um dos sustentáculos do Patrão naquela casa legislativa.
    Na minha forma de ver a coisa, uma indicação do Legislativo ao Executivo não passa de uma forma do parlamentar que a propôs dizer que está fazendo alguma coisa. NÃO SERVE PARA ABSOLUTAMENTE NADA, a não ser publicar nos anais que o parlamentar fulano de tal está preocupadíssimo com certa matéria, mas como a matéria em questão é de iniciativa exclusiva do Executivo, nada pode fazer além de pedir alguma atenção do Governador para o assunto.
    Ocorre que a base de sustentação do Governador na ALESP NÃO OUSARIA tomar qualquer atitude que pudesse chamar a atenção da população para o absurdo que é uma carreira que exige nível superior ganhar menos que outra que exige nível médio, na mesma instituição do Estado. Isso só aconteceria (se houver alguma lógica na política) se alguma coisa estivesse rolando nos bastidores, e o Baleia, sabedor disso, quisesse pegar uma carona no que já está decidido, tentando puxar para sí a responsabilidade e a iniciativa de matéria de interesse.
    Juntando a tudo isso o que foi exposto na Assembléia Geral realizada na AIPESP na data de hoje, cheguei à seguinte conclusão:
    O PSDB NÃO TEM MAIS COMO ESCONDER OS ABSURDOS QUE SEGUIDOS GOVERNADORES COMETERAM COM A SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO NOS ÚLTIMOS 15 ANOS. O NEGÓCIO, ENTÃO, É ASSUMIR PUBLICAMENTE, MAS TENTANDO MAIS UMA VEZ DISTRAIR A ATENÇÃO DA MÍDIA E DA POPULAÇÃO, COLOCANDO A CULPA NOS PROFISSIONAIS QUE INTEGRAM A POLÍCIA CIVIL. FEITO ISSO, JOGANDO TUDO NO VENTILADOR, DAÍ SURGIRÁ O SALVADOR DA PÁTRIA, APRESENTANDO SOLUÇÕES QUE DEVERIAM TER SIDO IMPLEMENTADAS DESDE O PRIMEIRO DIA DO GOVERNO DO MÁRIO COVAS, MAS QUE SÓ AGORA DESCOBRIRAM SEREM NECESSÁRIAS E NÃO SUFICIENTES.
    COMO SALVADORES DA PÁTRIA, ESCONDERIAM TODAS AS BESTEIRAS FEITAS ATÉ AGORA, E, DE QUEBRA, AINDA GANHARIAM ALGUNS VOTOS…
    Será que estou viajando muito ???
    De qualquer forma, sugiro a todos que NÃO DEIXEM DE VISITAR O SITE DA AIPESP, a partir da próxima segunda feira. Creio que todos seremos surpreendidos agradavelmente.
    Flávio Lapa Claro
    Investigador de Polícia

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