Litoral Norte é destino de contrabando do Paraguai

Policiais rodoviários federais apreenderam no início desta semana, 10 mil maços de cigarros contrabandeados, todos provenientes do Paraguai e que tinham como destino o comércio de Caraguatatuba.

A ação foi realizada durante uma fiscalização desenvolvida no entroncamento das Rodovias Transbrasiliana (BR-153) e Raposo Tavares (SP-270), em Ourinhos (SP). Segundo Ivan Malheiros, delegado adjunto da Receita Federal, em Marília (SP), que recebeu o material e forneceu informações à reportagem do Imprensa Livre, a ocorrência confirma que a região é ponto para a venda de produtos irregulares, sem pagamento de impostos e notas fiscais. “O Litoral Norte é um dos destinos de contrabando do Paraguai”, afirma.

De acordo com o delegado adjunto, não é a primeira vez que a Receita Federal recebe materiais ilegais do país vizinho e que tinha como ponto de parada um dos quatro municípios da região. “No início deste ano, tivemos uma ação semelhante que era destinada para ser comercializada por aí [Litoral Norte]”, conta. “Também recebemos muita coisa no ano passado”, acrescenta.
Ainda segundo Malheiros, todas as apreensões que tinham como destino a região eram de maços de cigarros. “A maioria dos maços falsificados eram de marcas internacionais e, por isso, não são tão conhecidas por aqui”, complementa.

Apenas entre janeiro e julho, a Receita Federal de Marilia recebeu mais de R$ 6 milhões em materiais contrabandeados e provenientes de nações vizinhas, a grande maioria do Paraguai.
A apreensão

Na apreensão desta semana, o delegado adjunto também explica que os maços de cigarros estavam divididos em dois carros, um Volkswagen Voyage com placa de Caraguatatuba e um Ford Fiesta com placa de Ubatuba, que trafegavam em comboio. Cada veículo era conduzido por motoristas das respectivas cidades.

Detidos, os dois motoristas, com identificação não divulgada, foram conduzidos à Delegacia de Polícia Federal, também em Marília, onde prestaram esclarecimentos sobre o caso. Em depoimentos, eles disseram que tinham pegado o material em Assis (SP).

Segundo Malheiros, os condutores dos veículos foram liberados depois de prestarem esclarecimentos, porém, responderão um inquérito de contrabando em liberdade. Os cigarros, por sua vez, serão destruídos. “Provavelmente, todos os produtos recolhidos somarão a resultados de outras apreensões e serão destruídos até o fim do mês”, acredita.

Troca de rota

Por conta do contrabando pela região de Marilia, o delegado adjunto da Receita Federal detalha que houve esforço das Polícias Rodoviárias Estadual (PRF) e Federal (PF) para o combate a prática do crime. Porém, os contrabandistas iniciaram a troca de rota, com o objetivo de dificultar a fiscalização. “Como a fiscalização na Transbrasiliana e na Raposo Tavares aumentou, essas pessoas começaram a passar na divisa do Estado de São Paulo Mato Grosso ao invés da divisa com o Paraná para realizar o transporte do contrabando. Foi uma maneira usada para despistar os policiais. Mas estamos percebendo que eles estão retornando a passar na divisa Paraná/São Paulo e a trafegar por essas rodovias”, explica.

Segundo Malheiros, o ponto onde os dois motoristas foram detidos, tem uma distância de aproximadamente 390 quilômetros até a capital paulista, e fica a cerca de 175 quilômetros do Litoral Norte. Para chegar a Caraguatatuba, os infratores teriam que trafegar ainda 625 quilômetros.

A reportagem do Imprensa Livre procurou as Políciais Rodoviárias Federal e Estadual da região, que possuem bases instaladas em Ubatuba e Caraguatatuba, respectivamente, porém, nenhum responsável foi localizado para comentar como funciona a fiscalização de produtos contrabandeados ou irregulares.