O padre de 67 anos suspeito de abusar sexualmente de uma menina de quatro anos dentro de uma creche foi indiciado ontem por atentado violento ao pudor, crime que pode dar de seis a dez anos de prisão. Depois de cumprir prisão temporária de cinco dias, o pároco saiu da cadeia pouco após as 18h de ontem e pode responder ao processo em liberdade, caso o Ministério Público não peça a prisão preventiva dele. O padre nega as acusações.
O delegado William Alves, que comanda as investigações, explicou que a prisão do padre foi necessária para assegurar as investigações, impedindo que o padre coagisse testemunhas ou alterasse provas. Outro motivo, segundo o delegado, foi tirar o padre do convívio da creche, pois ele vivia no mesmo local. O crime, segundo os pais da aluna, teria ocorrido em uma creche conveniada da prefeitura na zona norte da capital. O pai da menina, que é pastor evangélico, chegou a gravar no celular a filha acusando o padre, que trabalhava como diretor da creche.
advogado do padre, que prefere não se identificar, se recusou a conversar com a imprensa ontem, conforme havia prometido anteontem, em uma manifestação de fiéis ocorrida em frente ao 77º DP (Santa Cecília), onde o religioso estava preso.
A Arquidiocese de São Paulo afastou o padre suspeito das funções na paróquia e na creche. Ele só poderá voltar ao trabalho, diz a arquidiocese, após a conclusão do processo.
De acordo com o delegado, o padre suspeito foi interrogado duas vezes, na sexta-feira e ontem. "Ele ficou calado", disse o delegado, informando que deve enviar o caso à Promotoria até amanhã, no máximo. O delegado contou que não achou necessário prorrogar a prisão temporária do suspeito porque já tinha elementos suficientes para concluir o inquérito. O fato de o acusado não ter passagens pela polícia também contribuiu, segundo Alves.
O padre conversou rapidamente com a imprensa, enquanto era levado para o IML (Instituto Médico Legal) para ser examinado. Porém, quando estava acompanhado do advogado, na saída, não falou mais. Saiu em um táxi que arrancou em alta velocidade.
Duas católicas foram acompanhar a saída do padre e demonstrar seu apoio. "Nem Jesus Cristo agradou a todos. Não seria um simples padre de periferia que agradaria. Minha filha é funcionária da creche. É impossível ele [o padre] ter contato sozinho com as crianças", disse a dona de casa Luzia Gomes, 53 anos.
O pastor que fez a denúncia disse que passa por dificuldades e que acha que a filha precisa de ajuda psicológica. Anteontem, ele disse que levou a menina para a casa da avó, para que ela "sofra menos".
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