Uma dona de casa de 30 anos morreu e seu filho de um ano e dez meses ficou ferido por um tiro de um policial civil, na noite de anteontem, no Capão Redondo (zona sul de SP). A bala atravessou a perna da criança e atingiu o peito da mãe, na altura do coração, que morreu na hora. Dois policiais foram presos.
Edinalva Oliveira da Silva acompanhava a sogra até sua casa quando foi atingida pelo disparo, por volta das 21h, na rua Leonor de Almeida. Ela carregava seu filho mais novo, P.H.O.J., no colo. Segundo testemunhas, o tiro partiu de um mercado, onde estavam dois policiais civis. "Passou um motoqueiro e o homem que estava fora do mercadinho, com a arma na mão, deu um tiro", diz a comerciante Jardel Sanches, 51 anos.
Os policiais, segundo a vizinhança, colocaram Edinalva e o filho no carro e os levaram para o hospital do Campo Limpo. A dona de casa já chegou morta. Já o menino teve o fêmur esfacelado e precisou ser operado para que fosse colocado um pino.
Operação ilegal
O investigador da 6ª Delegacia Seccional Alfred Stapf, 46 anos, e o auxiliar de papiloscopista do 3º DP de Diadema (ABC) Alex Sander Pedroni, 35, foram presos pela Corregedoria. São acusados de homicídio doloso (intencional) e tentativa de homicídio. Stapf foi citado como autor do tiro por testemunhas.
Eles estavam numa falsa operação. Stapf está oficialmente em férias e Pedroni é de uma delegacia de Diadema. Usavam um Santana com placas frias, descaracterizado, que é da polícia e foi retirado ilegalmente pelo investigador da delegacia onde trabalha.
A suspeita da corregedoria é que os policiais iriam extorquir dinheiro do dono de um mercado. No bairro, moradores disseram que os policiais são tidos como o "outro PCC", "os policiais civis corruptos".
Os policiais disseram que haviam recebido uma ligação para apurar crimes cometidos por um motoqueiro. Pedroni, que estava na porta, disse que um motoqueiro veio em sua direção e chegou a esbarrar nele. Nesse momento, ele disparou por descuido, segundo ele, e acertou mãe e filho.
Stapf estaria dentro do mercado, segundo os policiais, diferentemente do que foi relatado pelos moradores. Os dois foram para o presídio da Polícia Civil e suas armas, duas pistolas, apreendidas. A reportagem não teve acesso aos advogados dos acusados.
Revolta
A família de Edinalva e a vizinhança estavam revoltadas com o crime. "Como uma mulher morre dessa maneira?", dizia a prima da vítima Evelin da Silva Santos, 20 anos.
Edinalva era casada havia nove anos e tinha também uma filha de oito anos. O corpo será levado para o Maranhão, onde está a sua família.
No último dia 12, uma adolescente e uma bebê foram baleadas durante um tiroteio entre policiais militares e suspeitos na favela de Paraisópolis. Ainda no dia 8, uma menina de oito anos foi baleada na mesma situação, na favela Heliópolis.
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