quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PF prende 42 acusados de roubo de cargas; 10 deles são PMs

A Polícia Federal (PF) prendeu ontem, 42 pessoas - entre elas dez policiais militares, um ex-PM e quatro policiais civis - acusadas de integrar quadrilhas especializadas em roubo de cargas, extorsão e arrombamento de cofres e caixas eletrônicos, principalmente na região serrana do Estado do Rio.

Há mandados de prisão expedidos contra outros 13 acusados, um deles policial civil, que até o fim da tarde não tinham sido localizados pela PF. Os Ministérios Públicos Estadual e Federal encaminharam denúncias à Vara Criminal de Nova Friburgo e à 1.ª Vara Criminal da Justiça Federal no Rio.

Os policiais acusados trabalhavam em dois Batalhões da PM (11º, em Nova Friburgo, e de Polícia Rodoviária Estadual ) e duas delegacias (151.ª, em Nova Friburgo, e Polinter). De acordo com o promotor Paulo Wunder de Alencar, policiais planejavam e participavam de crimes, forneciam armas e faziam a “proteção” de cargas roubadas, escoltando caminhões.

“Lamentamos a participação de policiais que são pagos para proteger a sociedade. Não compactuamos com essas ações”, declarou o responsável pelo setor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio, Rivaldo Barbosa, na sede da Superintendência Regional da PF, onde foi apresentado o resultado da chamada Operação Saque Noturno-S/A.

A PF iniciou a investigação em dezembro de 2007, após o roubo de R$ 140 mil a uma agência da Caixa Econômica Federal em Nova Friburgo. Desde então, foram identificados onze assaltos a bancos e caixas eletrônicos. A quadrilha costumava agir de madrugada, arrombando cofres com maçaricos.

No caso do roubo de cargas, o principal alvo era carne. O valor das cargas variava de R$ 100 mil a R$ 500 mil, segundo a PF. O comerciante Gilson Alcantara de Melo Tarradt, de Nova Friburgo, é apontado como “mentor” do grupo - ele planejava roubos, designava tarefas, fazia a distribuição de mercadorias e repartia lucros, segundo a investigação. A reportagem não localizou advogados do acusado.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em mais de 60 locais. Na casa de um policial civil, no Méier, zona norte do Rio, a PF encontrou 9 revólveres e 3 pistolas calibres 38 e 32, 11 celulares, 17 carregadores e caixas de munição para pistolas e fuzis, além de documentos como carteiras de identidade, de trabalho e de habilitação. As prisões e buscas ocorreram em 12 cidades do Rio, além da capital (Macaé, Nova Friburgo, Duque de Caxias, Guapimirim, São Sebastião do Alto, São João de Meriti, São Gonçalo, Teresópolis, Itaguaí, Campos, Cachoeiras de Macacu e Niterói), e em Além Paraíba (MG).

O superintendente regional da PF no Rio, Angelo Gioia, atribuiu o resultado da operação, que teve a participação de 400 policiais, à atuação conjunta do MP e do MPF e à “parceria” com a Secretaria de Segurança do Rio. “Lamentavelmente houve a participação de agentes do Estado”, disse. “Não teríamos êxito sem a atuação do MP e da secretaria. Somos mais efetivos no enfrentamento na medida em que nos aproximamos. Teremos outras ações, esta não será a única.”

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