Os protestos de anteontem à noite na favela de Heliópolis (zona sul de SP), que teve nove veículos incendiados, 21 pessoas detidas para averiguação e outras três feridas, foram orquestrados por traficantes por meio de cartas enviadas a moradores, segundo a Polícia Militar.
No bilhete, diz a polícia, criminosos oferecem cestas básicas em troca da participação em manifestações. A PM abriu uma investigação para chegar ao autores.
"Houve uma tentativa da criminalidade de angariar o apoio da população de bem para proteger criminosos. Sabemos que 99% dos moradores de Heliópolis são pessoas íntegras. Nosso grande trabalho será identificar quem são esses bandidos", afirmou ontem pela manhã o capitão Maurício de Araújo, porta-voz da corporação.
Não houve apreensão dos bilhetes. A polícia, porém, apresentou uma cópia da suposta carta de convocação, escrita à mão e com erros de português, entregue por uma emissora de TV. O líder comunitário de Heliópolis, Paulo Sérgio Marcel, diz que a versão da PM é uma farsa.
A PM acredita que a carta foi distribuída na comunidade horas antes dos confrontos, pedindo manifestações contra a morte da estudante Ana Cristina de Macedo, 17 anos, ocorrida na noite anterior em uma ação da GCM (Guarda Civil Municipal) de São Caetano do Sul (ABC). A vítima morreu com um tiro no pescoço, quando voltava da escola, num suposto tiroteio entre guardas e dois suspeitos de ter roubado um carro.
O bilhete, diz a polícia, indicava a hora do início dos protestos. Para o delegado Gilmar Contrera, do 95º DP (Cohab Heliópolis), a carta não pode ser considerada uma prova de que traficantes tenham organizado o tumulto.
Segundo a PM, os protestos duraram mais de cinco horas. Estima-se que tenha havido 600 manifestantes --320 PMs foram mobilizados. Um capitão da PM levou uma tijolada na cabeça. Ele recebeu alta ontem.
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